

A constelação familiar é uma técnica de representação espacial das relações familiares que permite identificar bloqueios emocionais de gerações ou membros da família. Desenvolvida nos anos 80 pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, que defende a existência de um inconsciente familiar - além do inconsciente individual e do inconsciente coletivo - atuando em cada membro de uma família. Hellinger denomina “ordens do amor” às leis básicas do relacionamento humano - a do pertencimento ou vínculo, a da ordem de chegada ou hierarquia, e a do equilíbrio - que atuam ao mesmo tempo, onde houver pessoas convivendo. Segundo Hellinger, as ações realizadas em consonância com essas leis favorecem que a vida flua de modo equilibrado e harmônico; quando transgredidas, ocasionam perda da saúde, da vitalidade, da realização, dos bons relacionamentos, com decorrente fracasso nos objetivos da vida.
CONSTELAÇÃO FAMILIAR
O paradigma sistêmico encontra base em modelos, representações e interpretações de mundo, cujos problemas e solução são modelares para uma comunidade científica, permitindo que as ciências evoluam por meio de paradigmas. Trata-se de um conjunto de saberes e fazeres que garantem a realização de uma pesquisa científica por uma comunidade e dados aplicados a uma pesquisa confirmam o paradigma. A consciência da dimensão sistêmica dos problemas e dos destinos se transformou numa terapia familiar.
A teoria das constelações familiares trata-se de verdadeira ciência dos comportamentos humanos a serviço da cultura da saúde e da paz das relações, resultante a partir de estudos e vivências sistematizadas pelo filósofo e terapeuta alemão e Bert Hellinger, em 1980 (1925-2019). Hellinger teve várias influências para a sistematização da Teoria das Constelações Familiares (nome já empregado por Walter Toman, em 1961). Em apertada síntese, informam os fundamentos da teoria das constelações originais, posteriormente modificadas por Bert Hellinger, e nos dão a ideia da interação de sistemas que embasam as constelações familiares e o pensamento sistêmico:
A Teoria Geral dos Sistemas, do biólogo austríaco Ludwig V. Bertalanffy (1901-1972), consistente na visão de avaliar a organização como um todo, a partir da identificação de maior número de variáveis possíveis que influenciam em todo o processo existente na organização, seguido do pensamento de Virginia Satir (1916-1988), psicoterapeuta estadunidense, e sua teoria da reconstrução familiar a partir das esculturas familiares, por meio da posição dos integrantes e das estruturas formadas pelo modo como as pessoas dentro de um sistema familiar se relacionam, passando pela Análise Transacional de Eric Berne, Psiquiatra Doutor em 1950, com as frases de solução, ao lado da Teoria das “lealdades invisíveis” do húngaro Ivan B. Nagy (1920-2007) e do pensamento sistêmico de Gregory Bateson(1904-1980) que contribui para a PNL, por meio das noções de metaposição, meta comunicação, meta mensagens e descobrimento da incongruência verbal e não verbal e a teoria dos sistemas no campo da cibernética. A Escola de Palo Alto, contribuiu com o aprofundamento da perspectiva sistêmica, por meio do estudo das comunicações e interações humanas, especial da família e suas perturbações, dando origem à Terapia Sistêmica Familiar, que possibilita uma leitura mais ampla dos relacionamentos, considerando a totalidade do ser humano, além das técnicas de PNL e das inovações da psicanalista alemã Thea Louise, com a movimentação dos representantes e seu questionamento sobre as sensações e melhor posicionamento espontâneo. Soma-se, então, importância da posição fraterna dos filhos e dos pais, pelo psicólogo e psicanalista Walter Toman, criador do termo “Family Constellation” (1961) e da teoria do apego emocional apresentado pelo psiquiatra e psicanalista Murray Bowen (1913-1990), um dos teóricos da terapia familiar e principais fundadores da Terapia Sistêmica Familiar, para quem somos mais dependentes de nossa vida emocional do que supomos. Na sequência, a russa Anne Ancelin (1919-2018) e o romeno Jacob Moreno (1889-1974), fundadores da Associação Internacional de Psicoterapia em grupo, tem-se o estudo da métrica ou simetria que ligam os membros de um sistema e os levam a repetir dinâmicas de doenças e outras dificuldades por gerações, até Rupert Shaldrake (biólogo, filósofo, historiador e bioquímico por Cambrige e Harvard), comprovando cientificamente os fenômenos de interconexão de seres, entre outros estudiosos da física quântica. (Mário Koziner)
Na atualidade o psicanalista Franz Ruppert aprofunda seus estudos sobre o pensamento sistêmico a partir da abordagem dos efeitos mais profundos do trauma (Professor de Psicologia na Universidade de Ciências Aplicadas em Munique, Alemanha. Obteve seu PhD em Psicologia Organizacional e do Trabalho na Universidade Técnica de Munique, em 1985).
E, do desenvolvimento dos estudos do método da constelação familiar surgem vertentes como a constelação organizacional (difundida pelo próprio Bert Hellinger) em que a constelação familiar é adaptada, transposta ou transferida para a organização de empresas e instituições e a constelação estrutural (desenvolvidas pelos alemães Ina Sparrer e Mathias Varga Von Kibed), cuja adaptação se faz com a perspectiva de foco centrado na solução e impasses pessoais ou profissionais. Ambas, porém, convergem para a base na ciência que surge a partir das vivências e constatações ao longo dos anos da constante atuação no mundo da vida das Leis ou Princípios Sistêmicos sistematizados por Bert Hellinger.
Hellinger constatou em longos anos de pesquisa que os sistemas familiares também possuem propriedades específicas de sistema. Isso significa que nos sistemas familiares revelam-se estruturas gerais importantes para o bom funcionamento desses sistemas. As três dinâmicas básicas são : o vínculo (pertencimento), a ordem/hierarquia ou precedência e o equilíbrio. E essas estruturas revelam-se nas dinâmicas de sistemas familiares, empresariais, institucionais e sociais. Os métodos visam auxiliar as pessoas a entenderem como as emoções influenciam a tomada de decisões.
Desse modo, a partir da análise do paradigma sistêmico, é possível concluir-se que o ser humano é resultado de um sistema psíquico, familiar, cultural e social, assim com todos os sistemas integram uma visão inter-relacional do mundo em que muitas coisas interagem e se retroalimentam. E, a partir desse conjunto de elementos conclusivos, permite-se utilizar, com segurança, o método das constelações familiares, organizacionais e estruturais, visando a uma boa solução de dificuldades alimentadas por padrões de repetição ou traumas, por meio do despertar das sensações que elevam a consciência e a autorresponsabilidade dos indivíduos, a partir da atuação empática e presente do facilitador da prática sistêmica.